segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Um Livro de Idéias:

Sempre tive idéias mirabolantes. Crio coisas na minha cabeça e fico imaginando elas acontecendo como se fossem coisas que já tivessem existido; aparecem na minha lembrança como passados já consumados. Porém, como sempre nada dessas coisas realmente acontecem e elas ficam como projetos mal resolvidos boiando na minha cabeça, pois nunca consigo concretizar até o fim um plano.
Foi em um sábado idiota, eu estava deitada na cama ouvindo a mais depressiva das músicas para um final de semana nojento, sonhando com instalações, fotografias, vídeos, performances e desenhos geniais (os quais jamais realizarei), que tive uma idéia! Era óbvio, porque não havia pensado nisso antes? Fazer um livro de idéias, claro, era tudo o que eu precisava! Um trabalho que é um livro onde eu anoto todas as idéias que eu tiver, crio maquetes desenhadas, faço todo o projeto para ser realizado por alguém com um pouco mais de iniciativa do que eu.
Porque o ponto que eu tranco é na ação, no preparar para agir, na preguiça de seguir em frente e de expor aos olhos alheios uma idéia normalmente capenga e quase incabível para o mundo. Mais uma vez vejo que a solução é exatamente esta, tornar o trabalho a idéia e me desprender da produção, deixando o outro, mais ativo e convicto, concluir o meu plano, criando assim um trabalho em conjunto onde não se sabe até que ponto o artista é idealizador ou feitor.
Um livro onde a minha passividade se transforme em atividade de alguém. Proporcionar um momento criador, de quase brincadeira, brincando de artista e se tornando um. Assim, o outro se apropriaria da minha idéia sendo autor como eu.

Indicações: Joseph Kosuth, Dário Ribeiro, Donaldo Shuler (ainda não sei porque), Hélio Oiticica (como sempre) e Cildo Meireles

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