domingo, 7 de setembro de 2008

Ainda Onda: Edith

a exposição de edith derdyk me chamou atenção para além dos papéis brancos e dos parafusos enferrujados, mas sim, para a eterna atribuição e busca do artista à onda, as entrelinhas da onda do mar. edith se baseia em manuel bandeira, que antes também havia encontrado lá as respostas ao tempo (ou pelo menos uma rima para seu poema).
cildo meireles, em seu marulho faz a mesma conexão, trazendo o espectador a uma sala de mar de livros. desta vez lembrando-nos os marilivros de haroldo de campos e suas ondas escritas em palavras.
a conclusão é inevitável: existe um mergulho da arte brasileira no ir e vir das ondas. o que se pode ler visualmente no azul de cildo e no branco gélido de edith. é como se no mar, o brasileiro encontrasse sua identidade, sua realidonda. assim como caymmi (a quem também atribuo referências inegáveis nestes trabalhos), que em suas músicas descrevia como era doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar. sem querer, todos fazem parte de um todo.
acredito que edith em ainda onda não nos remeta a apenas um, mas a todas poetas. tanto a verborragia de haroldo, ao azul de cildo, a melancolia de dorival e finalmente aos poemas de manuel. ainda onda é uma obra completamente referencial a toda criação brasileira.